Se teve uma coisa que 2023 deixou claro (para quem ainda tinha alguma dúvida) é que a democracia representativa jamais conseguirá entregar o que promete, muito menos chegar perto de realizar nossos sonhos por um mundo justo e livre.

Da posse de Lula, subindo a rampa com um grupo de pessoas para representar a diversidade, não demorou muito para o novo governo reforçar a criminalização de movimentos sociais, fazer concessões às forças reacionárias e capitalistas e perpeturar o patriarcado e o racismo dentro das instituições. Nesse período, nós continuamos e continuaremos apoiando os movimentos populares sociais mais radicais, as lutas por território e autonomia, exigências mais preciosas a nossos corações, defendendo uma visão antiautoritária, anticapitalista, sempre buscando um mundo mais igual onde todys possam viver suas vidas como bem desejarem.

Abaixo fazemos uma lista do que publicamos no ano que passou. Esperamos que vocês tenham apreciado e seguimos juntys na luta! <3

No começo do ano lançamos este chamado à ação, criticando a fé nas instituições representada pela recente vitória de Lula e convidando para todys nos somarmos às lutas em curso.

Dez anos depois das Jornadas de Junho de 2013, o levante popular segue acusado pela esquerda institucional de ser a origem do atual movimento fascista, enquanto o uso da tática black bloc é comparado ao ataque fascista em Brasília. Mas essa crítica não se sustenta quando analisamos a conjuntura da época e também o papel que muitas organizações de esquerda tiveram ao criminalizar os protestos, esvaziando as ruas e criando um vácuo político propício à ascensão do fascismo.

Vídeo baseado numa ideia do Companheiro Sonho, com colaboração dos coletivos Antimídia e Facção Fictícia.

Em solidariedade à greve de fome do prisioneiro anarquista Alfredo Cospito, a Edições Insurrectas disseca a história e a brutalidade do regime carcerário 41bis no 12º episódio de Vozes Anarquistas.

No dia 1º de março de 2023, anarquistas fizeram uma ação direta de solidariedade a Alfredo Cospito em frente ao consulado italiano em Porto Alegre. Em Belo Horizonte, ato similar aconteceu no dia 17 de fevereiro. Cospito já estava há mais de 130 dias em greve de fome contra o cruel regime prisional 41bis que impõe o total isolamento da pessoa presa, impedindo qualquer tipo de contato físico, a restrição de livros e revistas, a censura de cartas, entre outros.

Vídeo produzido em apoio à Kasa Okupa Cultural Jiboia, , espaço de resistência LGBTQIA+, que na noite do dia 2 de março de 2023 foi invadida. As árvores da agrofloresta em seu quintal foram todas cortadas. No portão um grande cadeado e uma grossa corrente. Jiboia resiste.

Na mesma semana em que as ruas da França ardiam em chamas contra a reforma da previdência, uma série de ações incendiárias atingiu mais de 50 cidades no Rio Grande do Norte. A mídia, os governos federal e estadual, e mesmo setores da esquerda, tratam o fato como caso de polícia, relacionado unicamente ao mundo do crime organizado, e deixam de lado um ponto crucial: que a revolta busca condições dignas para as pessoas aprisionadas pelo Estado.

Uma colaboração entre Antimídia e Quilombo Invisível.

Depois que o racismo foi tipificado como crime e que o Supremo Tribunal Federal decidiu equiparar a homofobia, a transfobia e a xenofobia ao racismo, criminalizando também esses comportamentos, muitas pessoas têm adotado o fato de “ser crime” como o principal argumento para condenar essas práticas e relegado às polícias e aos tribunais o papel de combatê-las, legitimando instituições fundadas no racismo, cuja missão é e sempre foi controlar e reprimir as minorias.

Roteiro por Antimídia e Acácio Augusto.

Há séculos, pessoas que lutam contra as opressões, sejam elas impostas por reis, ditadores ou pelo capital, tentam tomar o controle do Estado através do voto ou da revolução para construir um mundo mais justo. Mas todos esses novos governos acabaram mantendo a existência de uma minoria privilegiada, enquanto a maioria da população continuava sendo explorada, encarcerada ou morta. Será que é impossível usar o Estado para abolir a opressão de classe?
Roteiro adaptado sobre ideias roubadas de Camila Jourdan e CrimethInc.

Na quinta-feira, 19 de outubro de 2023, a Brigada Militar removeu a força moradorys e apoiadorys da Kasa Okupa Cultural Jiboia, em Porto Alegre, para então a prefeitura demolir parte da estrutura da ocupação. A Kasa Okupa Cultural Jiboia é um espaço contracultural destinado a mulheres e dissidências de gênero.

Este é um relato enviado por integrantes da Kasa Okupa Cultural Jiboia. Imagens de Deriva Jornalismo e KOCJ.

Em 7 de outubro de 2023, o grupo paramilitar palestino Hamas lançou um ataque surpresa nos territórios governados pelo Estado israelense. Por sua vez, as Forças de Defesa de Israel lançaram uma campanha de bombardeios contra alvos principalmente civis e cortaram todos os suprimentos de energia e combustível, além de bloquear ainda a água e a ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

Os meios de comunicação do Ocidente entraram em ação para apresentar o Hamas como monstros sanguinários e Israel como vítimas inocentes e virtuosos defensores de sua terra natal, omitindo propositalmente mais de 70 anos de contexto histórico.

O ataque sangrento do Hamas ocorreu em um contexto de gerações de ocupação brutal e do deslocamento sistemático de palestinys de suas terras. O Estado de Israel, guiado pela ideologia sionista e sancionado pela ONU e pelas potências imperiais do Ocidente, vem conquistando e roubando gradualmente as terras da Palestina desde a Nakba, em 1948.

A resposta totalmente desproporcional de Israel destruiu hospitais, campos de refugiadys e danificou ou destruiu 45% de todas as casas em Gaza. Isso alimentou temores renovados de que Israel irá até o fim, em um esforço para deslocar permanentemente todys palestinys da Faixa de Gaza e da Cisjordânia.

O momento para uma solidariedade significativa com a Palestina é agora. Grande parte das munições e equipamentos militares usados pelas FDI é fabricada no Ocidente, principalmente nos EUA.

Do rio ao mar, a Palestina será livre.

Este vídeo é uma colaboração entre a Antimidia e a subMedia.

Após 10 anos do Levante Popular de 2013, a revolta foi a julgamento mais uma vez por meio da audiência dos ativistas Fábio Raposo Barbosa e Caio Silva de Souza marcada para às 12h do dia 12 de dezembro de 2023. Ambos foram a juri popular sob a acusação da morte do cinegrafista Santiago Andrade, atingido por um fogo de artifício na cabeça em fevereiro de 2014, enquanto registrava confrontos entre manifestantes e policiais, para a TV Bandeirantes, no centro do Rio de Janeiro, perto da Central do Brasil.

O caso foi usado na época para abafar e criminalizar as revoltas populares, impulsionando a votação da Lei Antiterrorismo. Mas a única lógica em alegar que Caio e Fábio tinham a intenção de matar alguém com um fogo de artifício é a de criminalizar militantes e manifestantes. O que se torna mais evidente ainda quando sabe-se que a Rede Bandeirantes não entregou todas as imagens captadas por Santiago Andrade no dia de sua morte.

Após a publicação deste vídeos, Fábio foi inocentado e Caio foi condenado à prisão.

Dia 13 de dezembro de 2023 foi publicada a sentença do juri popular no processo contra Fábio Raposo Barbosa e Caio Silva de Souza. Fábio foi absolvido das acusações, mas caio foi condenado a 12 anos em regime fechado. Neste episódio de Vozes Anarquistas, Acácio Augusto analisa o caso e suas consequências para as lutas populares.

No 14º episódio de Vozes Anarquistas, o coletivo Expandiendo La Revuelta analisa o que significa a recente eleição de Javier Milei para os movimentos de resistência nos territórios ocupados pelo Estado Argentino.